domingo, 17 de outubro de 2010

Entre linhas de nada

Sempre quis contar uma história grandiosa. Uma história bonita, cheia de nostalgia e algo que fosse contagiante, assim como tanta coisa que eu gostava de ler quando era criança.

Chega a soar engraçado como as palavras de Rubem Braga me encantaram na sétima série. Um sentimento relatado de um jeito tão profundo. Vontade de abandonar o “ofício absurdo e vão de dizer coisas, dizer coisas” e “instaurar uma vida mais simples e sábia”.


Pois é. Eu não sabia que Rubem Braga era jornalista! Não sabia que um dia eu seguiria o mesmo passo e também não sabia que sentiria a mesma aflição do autor. Que será que estava acontecendo quando ele fez ‘’essas pequenas pilhas de palavras’’?

Correntemente me flagro com sentimento parecido e até arrisco umas impressões. Talvez o cronista estivesse num contexto confuso, obscuro como o em que estou agora.

Sinto-me num exílio. Minha correspondência é enderaçada a um grupo pequeno, poucos que querem saber de mim e do que digo. Exilada num país só meu, gritando e pedindo silêncio.

Peço silêncio àquela voz que quer se fazer uníssona, passando a impressão de que seu coro somos todos nós. Grito pelo que não deixo de ver e conhecer. Há tanta coisa para ser mostrada ao mundo. Tanto croma, tanta forma, tanta verdade.

Céus! Será que ainda consigo ecoar algo que perpasse o tempo? Não é necessário que seja muito tempo. Algum tempo que ajudasse a transformar, em vez de diluir e maquiar esse período em que governantes perdem a audácia, candidatos se contradizem, bradam bandeiras falsas de modo amoral e o povo se aliena com uma imprensa corrupta e que amordaça os não favoráveis aos seus interesses.

Ah, se eu pudesse me corresponder com o amigo Rubem...Talvez eu pedisse conselhos, perguntasse o que dizer, transcrevesse uma boa história. História parecida com as que sempre ouvi e procurei e não chegasse a estas linhas de...Nada.

Um comentário:

Marcos Santi disse...

Acredito muito no seu potencial. Esse texto é uma prova desse potencial.
Parabens.
Beijao