quarta-feira, 15 de junho de 2011

Fluidez

Lembro de uma agenda antiga com crônicas, poesias e outros rabiscos amadores, como maioria das coisas que faço. Mas a memória mais nítida é a de uma página com palavras que já adiantavam uma sensação futura. A sensação do futuro.
No texto, havia algo de "desligar-se do mundo", "pessoas robôs" e pensamentos sobre "o que já aconteceu e o que ainda está por vir". Expressões de tom tão pós-moderno e que continuam me incitando afinidade.

Novamente flagro minhas mãos construindo linhas incertas, no entanto, necessárias. Quando não se consegue dizer o que se quer, escrever com aquela semiótica particular é o escape para não trair a si mesmo. Escrever o que talvez só faz sentido a mim e, por ligeiramente ser exposto, satisfaz a vontade íntima, vaidosa de criar um quebra-cabeça.

Cabeça quebrada tem sido a minha. Ando com pouco sucesso no processo de colar. Coração cola cabeça que rasga coração que pica o corpo.

Feito a tríade dos signos (teoria insiste em me perseguir), eu me espalho em cabeça, coração e corpo. Por sua vez, eles se espalham em mim, em construção e desconstrução constante. Coisas que se acham e se perdem e se afundam no sentimento do futuro e a sensação pós-moderna que foi por onde comecei e...Onde eu estava mesmo?

Essa indagação retoma o sopro inicial. Sem muita lógica ou clareza, tenho outro ponto de partida. Onde eu estava mesmo? Não sei. Ao que parece, não estava presente.

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