sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Le Ange

Ao chegar pela primeira vez na portaria da Unopar em 2008, enquanto Ronaldo, o funcionário responsável pelo ‘’cara crachá’’ me abordava, alguém se prontificou a me acompanhar até a sala de aula. De feição experiente e uma aparência inicial austera, a professora Leange já me desafiou a dar o meu melhor para a graduação durante este rápido caminho. Com a ingenuidade e a arrogância, confesso, de um calouro, respondi: ‘’também serei um dos melhores’’.



Uma certa promessa, uma certa dívida foi criada naquele momento. Garanto que nunca tive o desempenho integral em tudo que me foi solicitado, mas quando se tratava da Leange eu sempre procurava fazer jus à responsabilidade da qual ela me incumbiu. E que responsabilidade era esta? Não é tarefa muito simples explicar, pois há certas coisas que se subentendem e assim era a nossa cobrança. Leange nunca me cobrou nada diretamente, mas eu sempre soube o que ela esperava.


Figura altiva e até paradoxal. Ora objetiva e ácida, comportamento típico de gaúcha exemplar, ora cheia de piadas e descontração. Não eram piadas fáceis, sacadinhas de intelectual. Mas minha amiga Vivian gostava. Acho que ela gostava mesmo é de vê-la deixando a pose de durona.


Enfim, foram quatro anos contando com o apoio da Leange. Quem poderia imaginar que seria nosso privilégio. A última turma coordenada e também instruída por Leange Severo Alves. Meu sentimento, além da saudade, é de gratidão. Nesta relação professor-estudante, que tanto pode pender para a amizade, o companheirismo, quanto para o mal-estar, fui feliz. Recebi seus alertas quando necessários, os elogios quando merecidos e sua disposição em todo o tempo. Tempo este que me parece breve. Havia fôlego para muita obra ainda. Mas ao contrário do que nós jornalistas costumamos fazer, não questiono. Não questiono o irreversível, até mesmo por que tenho convicção de que ela não o faria.


Munida da mesma fé em Deus, passei a entender e valorizar mais o que aprendi com outra pessoa também bastante especial: não importa que a Leange não tenha nos visto completar o ciclo, que ela não tenha nos visto nos formar. Importa que ela tenha nos formado.


Quanto à promessa inicial... Ah se ela imaginasse o medo que passo agora que tudo é diferente! No entanto, por mais que tudo pareça nebuloso, acredito que cheguei lá. Entendi que não se tratava apenas de jornalismo. Tratava-se de ser reto, de ser íntegro e sobretudo, ser firme. Continuarei com firmeza e isto, com certeza, é o meu melhor.

7 comentários:

Marcos Santi disse...

Belo texto.

Unknown disse...

Uma relação que vai além "das matérias"... Lindo!

Vicente Lichoti disse...

Viva os guerreiros e guerreiras do Brasil! Viva Le Ange! Viva Ana Carla!

Unknown disse...

que todos tenha ha mesma determinação, isto é buscar o melhor e vc é determinada por isso ana vc é a melhor parabens.

Anônimo disse...

Ótimo texto ! Assim como todos que a Ana faz.

Cássio

Letras Crônicas disse...

Bela homenagem à Leange. Ela merece nosso carinho, respeito e admiração. Saudades, professora.

issonews disse...

Ótimo! Meu teclado não suportaria tantos elogios!Posso publicar algo seu, com créditos e tudo o mais? Abraços!